Monday, October 29, 2007

Não sentiste os meus aguçados dentes a atravessarem a tua pútrida carne?

Não sentiste o meu perpétuo ódio a tingir o teu sangue de um vermelho mais escuro?

fui eu quem sorveu o fétido mênstruo que das tuas veias vazava,

te decepou dessa sórdida e inútil efemeridade que é ser tu,

te devorou visceralmente,

te mutilou as memórias.

Fui eu quem, finalmente,

te amputou de mim.

Sunday, October 07, 2007

Angústia

Trago em mim
As mágoas da solidão
Trago-as nos meus tristes olhos
e entojado coração

Levo-as aos meus mudos lábios,
Outrora belos e sábios,
Murmuram agora noite e dia
A sua eterna lânguida melancolia

Em voz rouca e sombria.
E que em noite escura e fria
São lábios que murcham na escuridão

Véu de tristeza

Vivo sozinha no topo da minha torre
Bordando o meu longo véu
Quanto mais bordo mais a minha torre
Alcança e rompe o céu

Nela oiço ao longe o tempo que corre
Perto o silêncio que chora quem morre
Na minha torre nunca entrou alguém
Espero, anseio, mas não vem ninguém

Com a minha alma a soluçar de tristeza
Com o peso de uma vida oca e desconhecida
Do meu véu faço asas, e com leveza
Parto para sempre, incompreendida.