" [...] Noite, longa e triste noite. Agitada. Tento adormecer as minhas ansiedades, esquecer quem sou, à procura de um momento de serenidade.
A lua resplandece e acende a noite, os corvos lá fora ecoam quase tão irrequietos quanto eu, errantes na noite sobrevoam o escuro, a escuridão cega-me.
Sinto lágrimas nascerem nos meus olhos, não querem derramar. Saio, silenciosamente, receio acordar alguém, qualquer gesto ensurdecedor, o tempo parece que não esquece. Apenas segundos, desço os degraus procurando a saída para a noite mais próxima.
Esconder as lágrimas que teimam em não derramar. Procurar a noite que me resguarda sem me questionar nem julgar.
Está frio, mas vem de dentro.
Acompanhas-me, ao meu desânimo e frustração, ás minhas questões, indecisões e desilusões.
Nunca tive nada a perder pois à muito que tinha desistido.
Desistido de mim, da fantasia, do querer ser.
Ainda os oiço ao longe, o choro angustiante, já cá não deviam estar, deviam ter partido rumo ao norte, estão confusos.
A lua reflecte contra o rio, reconforta-me, tenho os olhos amarrados á lua, é a única que me consegue fazer sentir de volta a casa, a todas as coisas que deixei para trás, consciente ou inconscientemente, e a ver os caminhos que percorri e os que contornei.
Opções, escolhas, decisões, terão valido a dor?
É este o meu choro que não verte."